Sexta-feira passada teve a primeira reunião da escola da Lina. Começou com os pais de todas as turmas na “cantine” com o tema: Gripe Suína! Pensei que tinha me livrado dessa... A diretora explicou detalhadamente as providências que a escola está tomando para evitar a propagação, tipo instalar displays de sabão e toalheiros de papel nos lavatórios. Como será que era antes? Os dou-dous também tiveram que se adaptar. Primeiro decidiram que, ao invés de ficarem todos se abraçando na tradicional cesta, cada um ficaria num saquinho plástico com o nome da criança. Mas alguns pimpolhos tiveram a brilhante idéia de usar os saquinhos como chapéu e o plano teve que ser abortado. Agora os dou-dous vão direto para as respectivas camas.
A segunda parte da reunião foi na sala de aula com a professora Dominique, “La Maitresse” da “Petite Section I”. A turma da Lina só tem crianças nascidas em 2006, sendo 14 meninas e 12 meninos, num total de 26! Todos por conta da professora, pois a única ajudante não fica na sala o tempo todo. Mas a Dominique não parecia desesperada; com seus 18 anos de casa, estava até prevendo uma turma calma... Bem, não sou eu que vou contestar a superpopulação. Acho até que, considerando que todas as crianças residentes na França (legalizadas ou não) têm direito à escola pública, gratuita e integral a partir de 3 anos, está bom demais. Afinal, é ensino de massa.
Entendi que a prefeitura do município fornece o básico: instalações, funcionários, material de base e tudo o mais relacionado ao ensino, mas se os pais quiserem incrementos, têm que participar ativamente da vida escolar, e para isso há várias possibilidades de colaboração. Uma delas é por meio das associações de pais, com eleições em cada escola e representação no Ministério da Educação. Outra com contribuições voluntárias em dinheiro, usado para renovar o material da sala e promover passeios, espetáculos, comemorações etc. E, por fim, com participação em atividades pedagógicas, como sessões de leitura para as crianças. No chamado “Atelier Bibliothèque”, a turma se divide em três e se reveza em sessões de 1h30 por semana, com dois pais lendo livros para dois grupos de alunos e a professora fazendo atividades com o terceiro, aproveitando a rara oportunidade de ficar com poucos em sala de aula. Achei uma boa forma de se aproximar da escola e conhecer os colegas da turma do seu filho e fiquei morrendo de vontade de perguntar se dava para participar de alguma outra forma, já que não vou me meter a ensinar francês para pequenos franceses. Fiquei com vergonha, mas fui salva por uma mãe italiana e menos encabulada na mesma situação. Podemos, sim, participar: não lendo, mas ajudando com a “disciplina”.
A Dominique também sugeriu que os pais se revezassem para trazer um lanche matinal coletivo, já que a antiga “collation” foi suprimida do sistema público escolar por causa do problema que a França vinha enfrentando com a obesidade infantil. Só que as crianças fazem ginástica todos os dias de manhã e algumas delas não agüentam esperar até o almoço. A medida pode ser vista como um tapa buraco, mas achei simpática a idéia de cada pai ou mãe levar um lanchinho para toda a turma de vez em quando. É claro que teve um “ça se discute” sobre o que pode ou não ser levado. O mesmo papo saúde de sempre: frutas frescas ou secas, pão integral etc.
A coisa mais estranha na escola pública daqui é que não tem aula às quartas-feiras. É isso mesmo, quarta-feira não é dia de aula, pelo menos na cidade de Paris. E agora, pensamos todos? Bem, não sou só eu que trabalho de segunda a sexta nesta cidade. A solução é o “Centre de Loisir”, também mantido pela Prefeitura, que cuida das crianças durante os horários extra curriculares: no almoço, no lanche da tarde, no final do dia, às quartas-feiras e também durante as tantas férias espalhadas pelo ano. Ah bom! Ufa...
Com um animador para cada 8 crianças, o centro promove diversos tipos de atividades: esportivas (piscinas), ateliers: (música, artes plásticas, jardinagem), passeios a parques e museus etc. A Lina foi pela primeira vez hoje e não queria mais voltar para casa no final do dia. As atividades parecem bem interessantes. Os maiorzinhos, por exemplo, foram fazer pic-nic na Floresta de Fontainebleau.
Programação desta quarta-feira
(As atividades dos menores, são indicadas com a letra "P")
É, acho que não é mesmo o caso de reclamar. Só dá, no espírito rapidamente mal acostumada, para lamentar que estas atividades extra não são gratuitas. Custam entre € 0,52 a € 10,47 por dia, com refeição incluída. O preço é definido segundo uma tabela com 8 tarifas, dependendo da renda familiar. Também são cobrados o almoço (entre € 0,13 e € 4,35 por dia) e o lanche da tarde (entre € 0,15 e € 1,55). O ensino propriamente dito é gratuito, mas manter a criança na escola por toda a semana não sai de graça, não. Só se você tiver uma renda muito insignificante. Aqui, embora todos tenham o mesmo, quem pode mais, paga mais.
Mas deixemos as bufadas para os franceses. O saldo todo me pareceu muito bom. E melhor ainda que nossa Pituca está se adaptando bem. Pensei que a Lina ficasse muda na sala, mas a professora disse que ela fala bastante, só que ninguém entende nada... Não vejo a hora de ter logo uma pequena professora particular de francês em domicílio.
Paula,
ResponderExcluirque diário mais lindo, jamais pare de postar, estamos acompanhando daqui de Bauru
bjs
sensacional!
ResponderExcluirbeijos na família